terça-feira, 20 de agosto de 2013

Choro e “Samba de Vitrine” no centro de São Paulo tem feijoada e tradição

Quem sair da Estação da Luz do Metrô, seguir pela rua Mauá em direção à Pinacoteca e virar a esquerda na rua General Osório, precisamente até o número 46, provavelmente terá uma surpresa agradável. Este é o endereço da loja de instrumentos musicais Contemporânea, lugar tradicional do centro de São Paulo que, além de comércio, também é palco de grandes encontros do choro, samba e suas mais diversas vertentes. O dia a dia da loja é repleto de música brasileira.

Sempre aos sábados, das 9h às 14h, acontece uma roda de choro, que tem reúne músicos há 40 anos e já recebeu grandes nomes do gênero, como Altamiro Carrilho e Jacob do Bandolim, comandada pelo Maestro Arnaldinho, professor de música da casa. A entrada é gratuita.

Uma vez por mês, em frente à loja, é vez do projeto “Samba de Vitrine”, outro evento bem tradicional do centro da cidade, regado a samba, feijoada e cerveja gelada. Às 12h, a rua é fechada; às 14h, tem início uma roda de choro; e às 15h30, o grupo Centro do Samba sobe ao palco e só sai de lá às 17h30, dando espaço para compositores diversos apresentarem seus trabalhos. A programação sempre fecha com uma atração especial, entre 18h e 20h, que muda a cada mês. Em setembro (dia 14), por exemplo, o evento recebe o grupo Na Palma da Mão. Tudo tem entrada gratuita.

A roda de samba da loja já recebeu grandes nomes do samba, acima Zeca Pagodinho


Tudo começou em 1946 quando o Sr. Miguel Fasanelli (1932 – 2009), conhecido por Seu Miguel, entrou como sócio em uma pequena oficina de 150 metros quadrados, que reformava instrumentos musicais de sopro.

Após dois anos de funcionamento, a loja já recebia grandes músicos, e o crescimento econômico de São Paulo trouxe artistas do Brasil inteiro à capital paulista. Perto da loja ficava o Hotel Jandaia, lugar onde os sambistas costumavam se hospedar quando visitavam a cidade.

No momento em que o país passava pela Ditadura Militar (1964 – 1986), a produção das lojas de percussão estava voltada à fanfarra militar e, a pedido dos clientes, Seu Miguel começou a se especializar em percussão para outros ritmos.

“Naquela época os instrumentos usados no samba ainda não costumavam ser fabricados, as fanfarras militares eram muito fortes, os instrumentos de percussão eram voltados para isso, mas meu tio tinha um carinho especial pelo samba e começou a receber o pessoal que tocava. Como já eram fabricados instrumentos para a fanfarra, o pessoal vinha na loja e pedia para o Seu Miguel fazer percussão para tocar samba. Os músicos diziam o que queriam, como queriam, e ele fabricava instrumentos personalizados para cada artista”, afirma Sergio Guariglia, um dos organizadores do “Samba de Vitrine” e sobrinho do Seu Miguel.

Ícones do samba como Nelson Cavaquinho, Beth Carvalho, Jorge Ben Jor, Zeca Pagodinho, entre outros, já participaram do samba na rua General Osório.

Além do fator econômico e dos instrumentos, segundo Chocolatte da Vila Maria, um dos apresentadores do samba, Seu Miguel era peça fundamental para juntar as pessoas. “O Seu Miguel era uma pessoa muito boa. Claro que os instrumentos ajudaram a juntar o pessoal, mas ele era o cara que fazia as pontes, conhecia todo mundo, juntava as pessoas, arranjava emprego para quem passava aperto”, conta.

A roda começava na vitrine da loja e quem passava pela rua parava para assistir os músicos da calçada. A rua ia sendo ocupada espontaneamente e muitas vezes era tanta gente que a passagem dos ônibus era impedida. Quando a loja fechava os músicos iam para a rua e continuavam o samba.

A partir dos anos 1980, com o fortalecimento do pagode e de outros ritmos, o “Samba de Vitrine” ganhou força e Seu Miguel investiu na ideia. Ele mantinha um caderninho e ia agendando os grupos que queriam tocar na roda. Depois de um tempo, o samba começou a acontecer em outros lugares do centro, e parou de ser organizado pelo pessoal da Contemporânea. Com isso, o Samba de Vitrine deu uma pausa por alguns anos. Seu retorno aconteceu em maio de 2012 organizada novamente pelo pessoal da loja, e, desde então, tem crescido e recebido muitos artistas e cada vez mais pessoas de diversas origens e idades.




O QUE
Chorinho e Samba de Vitrine
QUANDO:
Sáb 14/09
das 14:00 às 20:00
de 24/08 a 07/09
Sábados das 09:00 às 14:00
de 21 a 28/09
Domingos das 09:00 às 14:00

Saiba mais sobre o “Samba de Vitrine”

QUANTO:Livre

ONDE:Loja de Instrumentos Musicais Contemporânea
 
Rua General Osório, 46
República - Centro
São Paulo
Estação Luz (Metrô – Linha 4 Amarela)
Estação Júlio Prestes (CPTM – Linha 8 Diamante)







Fonte:Catraca Livre

 
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