quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O meu amigo... João Macacão !


Eu era ainda um garoto, tinha la meus 13 ou 14 anos se não me falha a memória,  tenho agora 62. O hoje  famoso e respeitado músico João Macacão era um rapaz bem jovem, uns 22 anos, desconhecido ainda, mas que já tocava um violão 7 cordas como ninguém.

Morávamos no mesmo bairro o Jardim Piratininga em Osasco, o João Macacão sempre aparecia na casa do Augusto do cavaquinho, um grande músico de quem não tive mais notícias. Ali ficavam horas tocando,  eu menino ainda e querendo aprender os primeiros acordes, estava sempre na cola dos dois.

O João na época era solteiro mas tinha namorada, os amigos diziam para provoca-lo que ele tinha mais ciumes do 7 cordas que da namorada. Com o tempo cada um seguiu seu caminho, eu já com meus 16 anos virei guitarrista solo de um conjunto que montamos no mesmo bairro, hoje se fala banda, era a época da jovem guarda e fazíamos bailes na região. Nunca mais tive contato com o João Macacão e com o Augusto do cavaquinho, mudei do bairro e a vida também foi mudando, mas a saudade daquele tempo vai ficar para sempre.

A trajetória do João Macacão

Não era qualquer um que tocava um violão de 7 cordas, como não é até hoje. Acompanhando uns e outros, acabou virando um dos acompanhantes favoritos de Sílvio Caldas. Por 20 anos sustentou a base do Caboclinho em tudo quanto é canto, decente ou não. Bares, boates, gafieiras, teatros, rádio, televisão. Naquele tempo, meu compadre, boate era mais decente que televisão de hoje, acredite.

Nas horas vagas, caía no choro. Seu violão era requisitado em várias rodas, e acabou participando de muitas formações daquilo que chamam de regional de choro. Tocou com o grupo de Esmeraldino Sales, figura lendária do choro paulista. Ali acompanhou Orlando Silva, Altamiro Carrilho, Gilberto Alves, Paulo Vanzolini, Elis Regina e outros craques.

Acabou formando seu próprio grupo, o Amapá. Algum tempo depois, em 1988, criou o conjunto Paulistano, com os chapas Joãozinho (cavaquinho) e Tigrão (pandeiro, que gravou um CD em 2003 com várias participações especiais. Entre os vários parceiros de empreitada se destaca o bandolinista e violonista Milton de Mori, conhecido nas rodas como Miltinho, bamba de grande talento como músico e arranjador.

Quando Paulo Vanzolini gravou em 2002 seu fundamental Acerto de Contas (caixa com 4 CDs, Biscoito Fino), fez questão de chamar João Macacão para cantar duas faixas. Cantar? Sim, Vanzolini não é bobo. Quem freqüenta os botecos de samba e choro de São Paulo sabe que o João não nega fogo nos fins de noite, enchendo o ambiente com sua voz parruda e seu vasto repertório. Gravou Falso Boêmio e Maria Que Ninguém Queria de maneira irretocável, casando esplendidamente forma com conteúdo.

Quem freqüenta os redutos do samba e do choro na Vila Madalena conhece o histórico Café Du Rêve, mais conhecido como Bar do Cidão. Há anos João Macacão comanda uma noite de samba-canção e seresta, salpicada de choros, com várias participações ilustres. Quem passou por lá não esquece.

João Macacão, depois de décadas de carreira, chega ao segundo CD solo (“Consequências” – Por do Som – 2013), onde demonstra que além de hábil violonista também canta muito bem. O repertório do CD inclui clássicos da música brasileira como “Chão de Estrelas” (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa), “Peito Vazio” (Cartola) e “Laranja Madura” (Ataulfo Alves), além de canções inéditas.


O repertório seresteiro, João Macacão aprimorou nos grupos Amapá (1964) e Paulistano (1988) e durante os mais de 20 anos em que tocou seu violão de 7 cordas no grupo do cantor Sílvio Caldas. No CD “Consequências”, João Macacão seguiu o conselho do amigo Paulo Vanzolini e, além de tocar, também solta a voz quente e afinada.


Entrevista com João Macacão no programa "Aplauso" na Rádio Câmara

Houve disputa na seleção dos instrumentistas porque muitos queriam participar da gravação do álbum. No final, nada menos que 30 músicos paulistanos foram escolhidos e se revezaram para acompanhar o velho mestre, sob a batuta do arranjador Milton Mori.

 Grande João Macacão!


Ademir Palácios




Fontes: Informações revistamusicabrasileira.com.br

 
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